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Sulfitos em camarão: riscos e método de análise

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Sulfitos em camarão: riscos e método de análise


    Sulfitos ou agentes sulfitantes, representados pelos dióxidos de enxofre (SO2), são aditivos amplamente utilizados na indústria de alimentos e bebidas como conservantes. São conhecidos por evitar o escurecimento enzimático e não enzimático e impedir o crescimento de microrganismos indesejáveis (leveduras, fungos e bactérias), que promovem alterações durante o processamento e armazenamento desses produtos.

    O sulfito e metabissulfito de sódio e o metabissulfito de potássio (K2S2O5) são os agentes sulfitantes mais usados pelas indústrias e podem estar presentes em frutas, legumes e verduras prontos para o consumo, açúcar refinado, vinagre, sucos naturais, geleia, batata frita congelada, coco ralado, camarão, azeitona, cogumelo, fruta seca, carne, vinho, cerveja, etc.  desde que dentro de limites pré-estabelecidos nas legislações.

    Vegetais em conserva como picles, azeitonas, palmito, cogumelos comestíveis e frutas, sofrem a adição direta de dióxido de enxofre, ou indiretamente de sais de sulfitos que o produzam e que atuam como branqueador e conservador. No Brasil, por exemplo, é permitido a adição de no máximo 50 mg/kg de dióxido de enxofre em conservas de cogumelo, porém há evidências desse valor desse aditivo exceder os limites permitidos pela legislação brasileira.

   Os aditivos expressos no rótulo dos alimentos e bebidas, são identificados pela sigla INS (International Numbering System) que se refere ao Sistema Internacional de Numeração de Aditivos Alimentares, elaborado pelo Comitê sobre Aditivos Alimentares (CCFA) do Codex Alimentarius. Na tabela 1, o INS e principais agentes sulfitantes utilizados.

Tabela 1. Principais aditivos que contém sulfito.



Limite de consumo

    O uso dos sulfitos como aditivo é controlado por legislações específicas estabelecidas com base na segurança de uso e necessidade tecnológica. A maioria dos países, assim como o Brasil, seguem as recomendações do JECFA (Joint FAO/WHO Expert Commitee on Food Additives) que estabelece a ingestão diária aceitável (IDA) de sulfitos no teor de 0,7 mg/kg de peso corpóreo dia.

    Além disso, a ingestão diária aceitável de sulfitos pode ser facilmente ultrapassada, pois estes aditivos estão presentes em mais de um alimento e/ou bebida consumidos diariamente pela população, evidenciando que frequência de consumo e padrão alimentar é um fator determinante para indicar o nível de contaminação da população.

    É importante ressaltar que a quantidade de sulfito adicionada aos alimentos não reflete os teores remanescentes no momento do consumo, devido a perdas que podem ocorrer durante o processamento e estocagem. Ao contrário do que muitas pessoas acreditam, a lavagem de alimentos com água não promove a remoção do sulfito, enquanto que o cozimento, pode levar a uma redução no seu teor.

Camarão

    Após a pesca e morte do camarão, inicia-se um processo de oxidação enzimática chamado de melanose (também conhecido como mancha preta ou “black spot”) que se refere ao aparecimento de manchas escuras em locais como carapaça, patas e final do corpo do camarão. O escurecimento é causado pela ação das enzimas tirosinase ou fenoloxidade e mesmo não prejudicando à saúde humana, afeta o aspecto visual e valor comercial do produto no mercado nacional e internacional.

    As enzimas responsáveis pelo desenvolvimento da melanose permanecem ativas durante a refrigeração, armazenagem em gelo ou após o processo de congelamento, ocasionando perdas significativas na indústria pesqueira.  O metabissulfito de sódio (INS 223) é o aditivo mais empregado como conservante, sendo comum à sua utilização na embarcação após a captura do camarão, que imersos em tanques contendo água com gelo e solução do aditivo, para provocar uma morte rápida e inibir a melanose.

    No Brasil, a ANVISA (BRASIL, 2019) estabelece o padrão para o uso de sulfitos, como o metabissulfito de sódio, através da quantificação de dióxido de enxofre residual (SO2), sendo o limite máximo de 0,01g a cada 100 (100 mg/kg). No México, o limite máximo de metabisulfito de sódio ou de potássio estabelecido para produtos crustáceos na forma fresca, refrigerada ou congelada também é de 100 mg/kg de camarão. No Equador, para camarão e lagostas congeladas, o limite é de metabisulfito de sódio é 150 mg/kg.

    Embora o metabisulfito de sódio possua diversas vantagens (estabilidade química, alta solubilidade em água e baixo custo), sua presença em concentração superior à permitida pela legislação pode acarretar em reações adversas aos consumidores, principalmente em asmáticos. Os sintomas incluem dores de cabeça, dores abdominais, náuseas; tontura; urticária, hipotensão, irritação gástrica local, erupções cutâneas, diarreia, choque anafilático, entre outros. Deve se levar em conta, que os sintomas ocasionados pela alergia ao camarão podem ser facilmente confundidos com os sintomas acarretados pela reação a ingestão de níveis elevados de sulfito.

Determinação de sulfito

   Alimentos e bebidas que contêm agentes sulfitantes devem ser submetidos a um controle de qualidade rigoroso antes de serem disponibilizados no mercado, a fim de garantir que as quantidades adicionadas são seguras para o consumo e estão dentro dos valores permitidos pela legislação.

    O Método Monier-Williams otimizado (AOAC Método 990.28) é o único reconhecido internacionalmente e tem sido amplamente utilizado para determinar a concentração de sulfito total (SO2) em vários alimentos e bebidas. O método permite detectar concentrações maiores ou iguais a 10 ppm, ou seja, 0,001%, e é baseado na extração de dióxido de enxofre (SO2) por destilação no Bloco para Determinação de Sulfitos, modelo TE-1353, equipamento desenvolvido de acordo com as normas da AOAC, seguido de determinação do teor de sulfitos por titulação. Saiba sobre o passo a passo para determinação de sulfito.

Sobre a TECNAL


   A Tecnal tem como missão contribuir para o desenvolvimento científico, tecnológico e com a indústria nacional e internacional por meio da fabricação e da comercialização de equipamentos científicos, da prestação serviços especializados e da disseminação do conhecimento. A empresa busca crescer de maneira inovadora e sustentável, focada na continuidade e na excelência operacional, de forma a tornar-se uma referência no mercado brasileiro e internacional de equipamentos científicos. Fale conosco: telefone/WhatsApp (19) 2105-6161, e-mail: contato@tecnal.com.br ou pelo nosso site clicando aqui.


Referências

BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Legislação. Resoluções. Resolução da Diretoria Colegiada- RDC Nº 329, de 19 de dezembro de 2019. Disponível em: https://www.in.gov.br/web/dou/-/resolucao-rdc-n-329-de-19-de-dezembro-de-2019-235414834

BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Legislação. Resoluções. Resolução da Diretoria Colegiada -RDC n° 8, de 6 de março de 2013. Disponível em: http://www.sucosconcentrados.com.br/wp-content/uploads/2015/07/RDC-N%C2%BA-08-DE-2013-Aditivos-polpas-de-frutas-e-sucos.pdf

PROYECTO de Norma Oficial Mexicana PROY-NOM-242-SSA1-2005, Productos y servicios. Productos de la pesca frescos, refrigerados, congelados y procesados. Especificaciones sanitarias y métodos de prueba (Continúa de la Primera Sección). Disponível em: http://www.dof.gob.mx/nota_detalle_popup.php?codigo=5057760

Instituto Ecuatoriano de Normalización, INEN. Norma Técnica Ecuatoriana -NTE INEN 456:2013, Primera revisión. Disponível em: https://www.normalizacion.gob.ec/buzon/normas/456-1R.pdf